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Reflexões sobre educação pela internet
Fui convidada pela Dra. Analice Dutra Pillar, pessoa que tenho carinho e admiração, para conversa com os membros do grupo GEARTE, em que levei minhas reflexões a questões relevantes trazidas pelo Grupo de Pesquisa, suscitando relevante debate no dia 01/09/2020 acerca das questões/reflexões abordadas sobre educação pela internet.
A Dra. Analice Dutra Pillar é professora Titular do departamento de ensino e currículo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, líder do Grupo de Pesquisa em Educação e Arte – GEARTE, e editora chefe da Revista Cientifica GEARTE.
Confesso que foi uma manhã que pude compartilhar vivencia afetiva, critica. Que com carinho sempre levarei este momento em lugar especial na minha memória afetiva.
Agradeço a delicadeza, gentileza e rica oportunidade do convide de Analice, bem como da interação com os presentes.
Deixo aqui um beijo em seus corações, e abaixo o registro de minhas reflexões oriundas das provocantes, questões que o GEARTE me encaminhou, para este dia especial.
Beijo nos seus corações com o mais profundo agradecimento pelo momento partilhado. Abaixo o registro das referidas questões com minhas reflexões.
Primeira questão:
Além de aulas on-line e vídeos gravados, com ou sem PowerPoint, gostaria de
saber se há alguma outra maneira de encaminhar processos de aprendizagem, mais lúdicas e interativas, no sentido de diversificar as formas de contato e de atividades.
Quais outros recursos podemos utilizar, pensando no nível de ensino superior?
Penso que ludicidade bem como a interação no sentido de diversificar as formas de contato e atividades não se centram necessariamente nos recursos que utilizamos, mas em como e porquê estes recurso são partícipes no processo de ensino/aprendizagem.
O essencial é intento arte/educativo, o estilo e valores sígnicos que perfazem a ideologia pedagógica em prol do desenvolvimento da formação plena de nossos alun@s.
Privilegiar a educação contextual no universo digital, que noss@s estudantes estão inseridos, como vértice para a formação crítica da mente digital desses alun@s.
Que tal utilizar como recursos em prol de aprendizagem mais lúdicas e interativas, buscando diversificar pelo o que noss@s alun@s estão consumindo, no tocante aos aspectos intrínsecos de seus recursos/hábitos/costumes digitais?
Podemos promover o desenvolvimento da consciência, ao adicionarmos o tempero da criticidade, desacortinar a percepção estético-cognitiva-autogovernativa.
O contexto está no saber pedagógico à apropriação do universo síngico de nossos alun@s, por meio da investigação.
Os alunos podem nos ensinar o manuseio dos recursos do universo digital que estão inseridos. Quando nós educadores nos engajamos na ludicidade que nossos alunos e alunas estão inseridos, poder-se-á promove o desenvolvimento da mente digital crítica. Com autogovernança, nossos alunos poderão não serem sugados pelo entretenimento da indústria cultural massiva.
Desconheço qualquer recurso digital educativo que seja mais atrativo – lúdico – do que os recursos que nossas crianças, jovens e adultos são imersos – cujo universo já os são apresentados em tenra idade em suas próprias casas e/ou espaços que convivem, que antecede sua vida estudantil, na maioria dos casos.
E ouso pode fundamentar minha afirmação se faz fundamentação: veja o cinema educativo, por exemplo.
Segunda questão:
Na área de materiais didáticos e educativos, digitais, para Artes Visuais, gostaria de saber se tens sugestões atualizadas – para qualquer nível de ensino.
Pessoalmente tenho certa preocupação com materiais didáticos, sobretudo porque estes, de modo geral, na sua quase totalidade, não conseguem na prática viabilizar processos de ensino/aprendizagem que contemplem plenamente as questões individuais, particulares, identitárias de cada aluno.
Faço ressalva com os estudos/pesquisa e práticas arte/educativas que o Professor José Minerini Neto vem realizando.
A forma como Neto estabelece as aulas Show – baseado em Ariano Suassuna. Ele não copia Ariano Suassuna. Como citação de Ariano, em sua ação educativa, Neto possibilita caminho didático peculiar, podendo privilegiar a ação metodológica inventiva de cada professor.
Neto trilha processo de investigação em sua ação arte/educativa, e com transbordamento singular, podendo se estabelecer a formação ontológica, identitária de cada ser.
A forma com que Neto reorganiza esta proposição, em tempos de pandemia, é algo que deve ser levado com atenção, olhar especial.
Terceira questão:
Como trabalhar na esfera da afetividade, do vínculo pessoal, à distância? (sugestões, considerações…)
Gostaria de saber mais sobre o lugar da afetividade (tanto no sentido de carinho, entendido como amparo psicológico e empatia neste momento de pandemia, quanto no sentido de afetar e afetar-se) nas novas tecnologias.
Para esta questão é impossível eu deixar de trazer o nome do Professor Marcos Pinheiro.
Há 3 vídeos que realizei com Marcos Pinheiro nestes tempos de Pandemia.
Cada vídeo com cerca de 1 hora e meia, aproximadamente, em que Marcos Pinheiro compartilha de modo generoso processos de ensino/aprendizagem centrados na afetividade, que pela arte/educação transversaliza aspectos psicológicos, com singular afetação em tempos de pandemia através da educação pela internet. Vale a pena assistir.
Vídeos da série convers@berta com o Professor Marcos Pinheiro:
1º Vídeo Intitulado “Da tecnofobia pedagógica à expressão Ciberautônoma”
2º Vídeo intitulado “Estética Pedagógica Digital: a expressão está na metodologia”
Quarta questão:
Como humanizar e tornar mais prazeroso o ensino/aprendem da Arte mediado pelas TICs.
Se a tecnologia não tiver caráter de humanização, resumidamente, das duas uma:
Foi elaborada para a indústria bélica (exemplo de tecnologia desumanizadora, ao se entender que a guerra e o extermínio humano não seja da natureza do humano…);
A tecnologia em questão não foi incorporada enquanto técnica, uma vez que sob jus à reinvenção da técnica, eis que o palco se abre para a transformação tecnológica, pois esta é aquela que propõe a inovação, cujo acontecimento, se estabilizar-se enquanto técnica, volver-se-á a cultura, dada a assimilação no estabelecimento dos hábitos e ritos, e por assim dizer acomodar a inovação a estado de técnica, portanto.
A humanização das TICs é cotidianamente vivenciada pelas crianças, jovens e adultos imersos no universo digital – as horas passam e a gente nem percebe quando estamos imersos na universo digital, não é mesmo?!…
Nós, professores e professoras em nossas vidas pessoais -, que como usuários de mídias digitais (Facebook, Instagram, Telegram, WhatsApp, Youtube, TicTok, Pinterest, etc), que somos muitos – quiçá grande parte de nós – imersos na cultura digital, mas acabamos por não investigar de modo mais sistematizado a inserção das TICs no universo pedagógico, acabando por haver um gap entre universo digital e arte/educação.
Haja visto que os arte/educadores veem rejeitando a cultura digital bem como as TICs no processo de ensino aprendizagem desde a década de 90 aqui no Brasil, enquanto os artistas tomaram como possibilidade investigativa, questionadora desde sempre.
Há a necessidade da arte/educação ousar mais enquanto arte.
Vídeo convers@berta com o Professor e Poeta Frederico Barbosa
Vídeo intitulado “Poeta traz a estética da educação em tempos de pandemia”
A arte, como enaltece John Dewey necessita de experiência. Vivência…. Em todos os tempos, os artistas se apropriaram da máquina fotográfica, do vídeo, do cinema, das tecnologias analógicas, das tecnologias digitais dentre outros…
O campo dos sentidos necessita de experiência estética. A experiência estético-digital necessita de liberdade de experimentação, com curiosidade indócil, investigativa, como enaltece Paulo Freira/Ana Mae Barbosa.Porque não visitar, imergir a museus digitais? Viajar pelo mundo por entre links, traçar rotas inimagináveis, por entre games, por entre tantos canais midiáticos?
A educação, a arte/educação precisa de experienciar a expressão digital pelo campo dos sentidos do universo digital, para subtrair gap entre as fronteiras da educação e da arte, pelas asas da arte…
Há gap entre o que consumimos, com o que agregamos em nossas ações pedagógicas… Mas fato é que o processo mais prazeroso pelas TICs com grande certeza se apresenta em proposições da pedagogia do acontecimento no contexto do universo da cultura digital através de vivências de rotas que crianças, jovens e adultos trilham cotidianamente.
Não há a necessidade de se reinventar a roda, mas de se estabelecer o Olhar do estrangeiro nas rotas que já estão presentes no dia-a-dia e incorporá-las enquanto pedagogia do acontecimento.
Enquanto houver Gap entre a vida e a escola, no sentido mais intrínseco da segregação da cultura digital, não vejo a possibilidade de se tornar mais prazeroso o ensino/aprendizagem de Arte mediado pelas TICs.
Quinta pergunta:
Tenho me interessado em saber mais sobre a acessibilidade digital.
A acessibilidade pelo meio digital é um dos recursos que mais tem possibilitado de modo cada vez mais fluido, meios de comunicação mais acessados, que os educadores pouco exploram, como:
O Youtube: basta clicar em um botão do vídeo, que automaticamente aparece o áudio legendado em tempo síncrone ao áudio do vídeo;
Os professores, deveriam habilitar sites/blogs arte/educativos, que possibilite a acessibilidade de suas produções/ações pedagógicas com plugins, por exemplo, que promovem a leitura automática – podcasts – dos artigo e textos. Assim, alunos com deficiência visual bem como estudantes em trânsito, por exemplo, podem ouvir ao conteúdo.
Estes site pedagógicos podem conter significativas possibilidades de experiências estéticas com grafismos, pinturas, sons e/ou outras experiências sensórias a estudantes não somente portadores de necessidades especiais.
Há tantos aplicativos móveis, com acessibilidade, e é válido pensar em Smartphone, pois nem sempre possuem computadores – notebooks.
Se faz necessário que os educador@s, os arte/educador@s realizem sites ciberarte/educativos.
O site ciberarte/educativo é um universo pode abrir possibilidades de acessibilidade. O tamanho do voo será correspondente as asas de cada educador, educadora.